Oração e zelo apostólico - Pe. José Cristo Rey Garcia Paredes, cmf
1. Introdução
Nos exercícios de 1849 Claret tem uma prática sobre a oração. A do zelo apostólico pertence aos Exercícios de 1865 às comunidades de Vic e Gracia. Nós fundimos ambas na meditação que leva por título “Homens de fogo”. O versículo que Claret escolhe para encabeçar a prática de 1849 dá sentido para ele. É o de Atos 6,4: “Nós nos dedicaremos à oração e ao ministério da Palavra”. Ação e contemplação (para dizer com os termos clássicos) aparecem unidas. Junto deste, figuram outros textos bíblicos complementares: Ex 17,12; Jr 7,16; Ez 22,30; Is 64,7...
O ponto de partida para esta meditação constitui o “memorial do claretiano”. Esta é a fórmula breve e atrativa que Rahner sonhava para os Institutos Religiosos do futuro. Nela se condensa de uma maneira extraordinária o núcleo de nosso carisma.
O símbolo em torno do qual se articula o memorial é o fogo, com toda a sua riqueza de matizes: abrasa, purifica, aquece, ilumina, etc. Para Claret o fogo é o próprio Deus, seu amor, o Espírito. E inclusive Maria, em quanto é a frágua de misericórdia e amor, espelho do amor de Deus, rosto de sua benevolência para os homens.
O Missionário está chamado a:
Este “circuito carismático” fica perfeitamente claro nos três verbos que resumem nosso seguimento de Cristo:
2. Orar, o fogo da relação.
Texto base: “Não sabeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai” (Lc 2,49)
Agora não vamos entrar no complexo mundo da oração cristã. Simplesmente assinalamos a dimensão apostólica da oração claretiana.
A oração apostólica tem:
3. Trabalhar: o fogo da ação
Texto base: Lc 4,18 (“Spiritus Domini...”) e 2Cor 5,14 (“Caritas Christi...”)
A laboriosidade (como fuga de toda a ociosidade) e como busca do “mais urgente, oportuno e eficaz” para “que Deus seja conhecido, amado, servido e louvado” é uma nota característica de Claret e da Congregação.
Mas, o “trabalhar” missionário não consiste em fazer muitas coisas. Não estamos chamados a produzir, mas sim, a “dar fruto”.
4. Sofrer: o fogo da paixão
Texto base: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
O amor implica dar a vida. Não pode existir amor sem sofrimento. Não se trata naturalmente, de um sofrimento patológico, fruto de nosso “mau funcionamento”, mas sim, do sofrimento que surge de vivência fundada desde o amor.
É próprio do missionário sofrer em sua carne a perseguição por pregar o Evangelho, ser sinal de contradição (a “cruz do Apóstolo”.)
O “sofrer missionário” se reveste de várias expressões: incompreensões, falta de êxito, etc.
Há em Claret e na Congregação uma clara veia martirial, que é nossa herança. “Este é o nosso sangue”, como reza o livro do Pe. Campo Villegas.
5. Conclusão
Os verbos do memorial também se vivem dinamicamente, também tem suas “idades” porque “não podemos com tudo, em todo o momento e do mesmo modo”.
Nestes verbos se encontra condensado um itinerário espiritual para todos nós, Missionários Claretianos.